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terça-feira, 5 de março de 2013

Edição MOTOGP



UMA HISTÓRIA DE EMOÇÃO





Com 63 anos de história, o MotoGP é o mais antigo Campeonato do Mundo de todos os desportos motorizados – o primeiro ano da competição teve lugar em 1949.
A partir do início do século XX começaram a disputar-se Grandes Prémios de motociclismo em vários países e em 1938 a predecessora da actual FIM, a FICM (Fédération Internationale des Clubs Motocyclistes), anunciou um Campeonato da Europa. Contudo, o início da Segunda Guerra Mundial interrompeu a competição e só algum tempo após o final da guerra é que passou a haver combustível disponível para permitir a criação de uma verdadeira competição internacional.
PRIMEIROS DIAS
Quando o primeiro Campeonato do Mundo teve lugar em 1949, os Grandes Prémios eram compostos por quatro categorias a solo, com o primeiro título da ‘categoria rainha’, 500cc, a ser conquistado pelo britânico Leslie Graham aos comandos de uma AJS. Outro inglês, Freddie Frith (Velocette) arrecadou o primeiro ceptro Mundial de 350cc, enquanto os italianos Bruno Ruffo (Moto Guzzi) e Nello Pagani (Mondial) foram os primeiros Campeões do Mundo de 250cc e 125cc, respectivamente.
Na mesma época o campeonado de sidecar de 600cc foi ganho pelos britânicos Eric Oliver e Denis Jenkinson com uma Norton, mas a categoria de sidecar passou a ser uma competição de 500cc em 1951.
Os fabricantes italianos como os já mencionados Mondial e Moto Guzzi, em conjunto com marcas como Gilera e MV Agusta, dominaram os Campeonatos do Mundo durante a década de 50, espelhando a força da indústria das duas rodas do país nessa época. A MV Agusta foi particularmente prolífera no final da década, fazendo o pleno com a conquista dos títulos Mundiais nas quatro categorias entre os anos de 1958 a 1960 – e manteve mesmo o domínio inabalável da categoria de 500cc durante 17 anos, de 1958 a 1974.
OS “SWINGING SIXTIES”
Durante os anos 60 a indústria nipónica do motociclismo começou a crescer e durante esses dez anos muitos dos fabricantes que participam na era moderna do MotoGP, como a Honda, Suzuki e Yamaha, garantiram a conquista dos seus primeiros Campeonatos do Mundo nas categorias de 125cc, 250cc e 500cc, anunciando-se nos Grandes Prémios. A Suzuki gozou de particular sucesso na nova classe de 50cc introduzida em 1962.
O final da década de 60 trouxe o início dos dias de glória da Lenda do MotoGP Giacomo Agostini – o mais bem sucedido piloto na história do Campeonato do Mundo. Até à era moderna era habitual ver os pilotos competirem, simultaneamente, em duas, ou até mesmo em três categorias e Agostini conquistou dez dos seus 15 títulos em cinco épocas consecutivas como duplo campeão de 350cc e 500cc – um período de ouro que teve início em 1968 ao serviço da MV Agusta.
Por esta altura, os custos associados à participação nos Grandes Prémios tinha escalado de tal forma que várias marcas japonesas acabaram por se retirar da competição – no final dos anos 60 só restava a Yamaha. Em resposta, a FIM introduziu regras que limitaram as motos a propulsores de um cilindro na categoria de 50cc, dois cilindros nas 125cc e 250cc e quatro cilindros nas 250cc e 500cc.
O EQUILÍBRIO DE FORÇAS
No período que se seguiu, o equilíbrio de forças viu títulos serem conquistados por marcas europeias (Bultaco, Kreidler, Morbidelli, MV Agusta), japonesas (Kawasaki, Suzuki, Yamaha) e norte-americanas (Harley Davidson) – com os construtores nipónicos a conseguirem finalmente quebra o domínio da MV Agusta na categoria rainha a meio da década de 70.
Após uma ausência de quase 12 anos das corridas, a Honda regressou ao Campeonato do Mundo no final dos anos 70 e em 1983 acabou por mudar a sua filosofia, que a levava a EUAr maquinaria a 4-tempos, para construir a V3 500 a 2-tempos, conhecida como NS500, a máquina com que Freddie Spencer conquistou o ceptro Mundial de 500cc – o seu primeiro e também o da Honda desde o regresso da marca aos Grandes Prémios.
Na época anterior as corridas na categoria de 350cc terminaram ao cabo de 34 anos de competição, deixando o Campeonato do Mundo de novo com quatro categorias – 50cc, 125cc, 250cc e 500cc – com as 50cc a serem depois substituídas pelas 80cc em 1984. Uma aventura curta a do Campeonato do Mundo de 80cc, que foi disputado ao longo de apenas seis épocas, valendo quatro títulos à Derbi, três deles cortesia do piloto espanhol Jorge Martinez.
ÍDOLOS AMERICANOS
Os anos 80 e 90 foram palco de corridas soberbas na categoria rainha, em particular com a forte luta entra Honda Suzuki e Yamaha e com grandes batalhas entre estrelas americanas como Eddie Lawson, Randy Mamola, Freddie Spencer, Wayne Rainey e Kevin Schwantz. Enquanto isso, mas 125cc e nas 250cc marcas europeias como a Derbi, Garelli e, mais tarde, Aprilia lutavam pelas honras com os gigantes nipónicos.
A longa associação dos sidecars aos Grandes Prémios acabou por terminar no final da época de 1996, altura em que classe evoluiu para a Taça do Mundo de Sidecar em 1997.
No final da década de 90 a classe de 500cc foi claramente dominada pelo herói da Honda e Lenda do MotoGP Mick Doohan, que somou cinco títulos consecutivos antes de uma combinação de lesões ter obrigado o Austráliano a colocar ponto final prematuro na carreira no final de 1999.
A ERA MODERNA
Antes da alterações dos regulamentos que levaram à mudança para as 990cc a 4-tempos na categoria rainha – em linha com a engenharia moderna e as tendências da produção – um jovem piloto italiano de nome Valentino Rossi conquistou o último ceptro da história das 500cc em 2001 com uma Honda, isto depois de se ter sagrado Campeão do Mundo de 125cc em 1997 e das quarto de litro em 1999 com a Aprilia.
Depois de re-baptizado como Campeonato do Mundo de MotoGP em 2002 e da introdução das 990cc, Rossi conquistou mais quatro ceptros consecutivos, dois com a Honda e outros tantos após a sensacional mudança para a Yamaha.
Nas épocas mais recentes as categorias mais baixas têm sido dominadas por jovens pilotos europeus que se preparam para o MotoGP aos comandos de montadas da Aprilia e da Honda, com Dani Pedrosa a destacar-se com a conquista de três títulos consecutivos – um nas 125cc e dois nas 250cc – com a Honda e antes de passar para a categoria rainha. Na sua primeira temporada no MotoGP Pedrosa partilhou a box da Repsol Honda com o americano Nicky Hayden, cuja pilotagem agressiva, mas consistente, lhe valeu o ceptro de 2006 e o feito de travar a progressão anual de Rossi rumo ao triunfo.
No final da época de 2007, as novas regras que restringiram o número de pneus a EUAr nos fins-de-semana de Grandes Prémios e a redução da capacidade dos motores de 990cc para 800cc voltou a nivelar as forças no MotoGP – com Casey Stoner, aos comandos de uma Ducati equipada com pneus Bridgestone, a ser o primeiro a destacar-se na nova era ao vencer, com tranquilidade, o Campeonato do Mundo de 2007. Contudo, em 2008 Rossi voltou ao topo, assinando o sexto ceptro na categoria rainha, com Stoner a terminar como um distante segundo classificado.
A temporada de 2009 viu a introdução do fornecedor único de pneus, com a Bridgestone a ter as honras de equipas todas as equipas de MotoGP. Rossi somou o sétimo título na categoria rainha depois de batalha com o companheiro de equipa Jorge Lorenzo, o que deixou o italiano a um ceptro de igualar o recorde de todos os tempos de Giacomo Agostini de oito ceptros.
A campanha de 2010 viu um novo nome entrar para a história do MotoGP com Jorge Lorenzo a ser coroado Campeão do Mundo após emocionante luta pelo título ao longo de toda a época com o companheiro de equipa Rossi. Lorenzo mostrou soberba consistência e impressionante maturidade para reclamar a coroa de louros com apenas 23 anos de idade.
Em 2011 Casey Stoner passou para a Honda oficial, uma mudança que se revelou um grande sucesso. Stoner conquistou o ceptro de 2011 com uma vitória em Phillip Island, a nona, mas não a última desse ano – ele também venceu a última corrida em Valência.
CONSTRUTORES – OS GRANDES NOMES
A lista que se segue apresenta as principais estatísticas sobre os mais importantes construtores que participaram no Campeonato do Mundo ao longo das últimas seis décadas (dados correctos até ao final da época de 2011):
AJS 1 Título Mundial De Construtores, 9 vitórias em todas as classes
Aprilia 18 Títulos Mundiais De Construtores, 274 vitórias em todas as classes
Derbi 8 Títulos Mundiais De Construtores, 93 vitórias em todas as classes
Ducati 1 Título Mundial De Construtores, 32 vitórias em todas as classes
Garelli 5 Títulos Mundiais De Construtores, 51 vitórias em todas as classes
Gilera 5 Títulos Mundiais De Construtores, 59 vitórias em todas as classes
Kreidler 7 Títulos Mundiais De Construtores, 71 vitórias em todas as classes
Harley Davidson 1 Título Mundial De Construtores, 28 vitórias em todas as classes
Honda 60 Títulos Mundiais De Construtores, 646 vitórias em todas as classes
Kawasaki 9 Títulos Mundiais De Construtores, 85 vitórias em todas as classes
Mondial 5 Títulos Mundiais De Construtores, 18 vitórias em todas as classes
Moto Guzzi 6 Títulos Mundiais De Construtores, 45 vitórias em todas as classes
MV Agusta 37 Títulos Mundiais De Construtores, 275 vitórias em todas as classes
Norton 4 Títulos Mundiais De Construtores, 41 vitórias em todas as classes
Suzuki 15 Títulos Mundiais De Construtores, 155 vitórias em todas as classes
Yamaha 37 Títulos Mundiais De Construtores, 464 vitórias em todas as classes
LENDAS DO MOTO GP
Desde o lançamento do MotoGP Hall of Fame em 2000, foram muitos os pilotos que se destacaram como protagonistas ao longo de mais de meio século de Grandes Prémios que passaram a ser considerados Lendas do MotoGP. O primeiro piloto a tornar-se numa Lenda do motoGP foi o já mencionado Austráliano cinco vezes Campeão do Mundo, Mick Doohan, que foi homenageado em Mugello, em Maio de 2000.
Desde então, vários foram os nomes ilustres de diferentes eras da competição a entrarem para o MotoGP Hall of Fame. Eis a lista completa:
Giacomo Agostini (Itália) 15 Títulos Mundiais, 122 vitórias em todas as classes
Mick Doohan (Austrália) 5 Títulos Mundiais, 54 vitórias em todas as classes
Geoffrey Duke (GB) 6 Títulos Mundiais, 33 vitórias em todas as classes
Mike Hailwood (GB) 9 Títulos Mundiais, 76 vitórias em todas as classes
Daijiro Kato (Japão) 1 World title, 17 vitórias em todas as classes
Wayne Gardner (Austrália) 1 World title, 18 vitórias em todas as classes
Eddie Lawson (EUA) 4 Títulos Mundiais, 31 vitórias em todas as classes
Anton Mang (Alemanha) 5 Títulos Mundiais, 42 vitórias em todas as classes
Angel Nieto (Espanha) 13 Títulos Mundiais, 90 vitórias em todas as classes
Wayne Rainey (EUA) 3 Títulos Mundiais, 24 vitórias em todas as classes
Phil Read (GB) 7 Títulos Mundiais, 52 vitórias em todas as classes
Kenny Roberts (EUA) 3 Títulos Mundiais, 24 vitórias em todas as classes
Kevin Schwantz (EUA) 1 Título Mundial, 25 vitórias em todas as classes
Barry Sheene (GB) 2 Títulos Mundiais, 23 vitórias em todas as classes
Freddie Spencer (EUA) 3 Títulos Mundiais, 27 vitórias em todas as classes
John Surtees (GB) 7 Títulos Mundiais, 38 vitórias em todas as classes
Carlo Ubbiali (Itália) 9 Títulos Mundiais, 39 vitórias em todas as classes

Um comentário:

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